Recentemente eu terminei de ler o livro Vermelho, Branco e Sangue Azul. Vi o filme antes e fiquei curioso em ler o livro e saber mais sobre o casal Alex e Henry. Confesso que o livro me deu muito mais informações e me deixou bem mais feliz do que o filme. Entretanto, existe algo na trama desse casal que precisamos falar, invasão de privacidade.
Se você assistiu Com amor, Simon e Young Royals e 13 Reasons Why deve ter percebido que essas produções têm algo em comum. Assim como no filme Vermelho, Branco e Sangue Azul, esses outros títulos falam sobre a exposição de algo intimo sem o consentimento dos envolvidos, logo invasão de privacidade.
Vocês devem estar se perguntando aonde eu quero chegar com isso, já vou explicar meu pensamento. Nos títulos que citei, alguém ou algumas pessoas sofrem e muito por terem suas vidas expostas de maneira pública.
De maneiras e intensidade diferente, e permito dizer, contextos diferentes, cada um dos personagens das tramas reagem de uma maneira. E esse é o ponto que quero trazer aqui.
O que a invasão de privacidade pode gerar?
Quando algo muito íntimo de nossas vidas é exposto vem um sentimento de vulnerabilidade. A cabeça começa a criar mil perguntas e hipóteses do que isso tudo irá gerar. Começa com “o que vão pensar de mim?”, “eu não queria que soubessem isso”, “como será minha vida após isso”. Eu poderia ficar listando por horas perguntas que muitas vezes irão ficar sem respostas.
Em 3 títulos ainda existe algo mais complexo a exposição de suas orientações sexuais. Em Com amor, Simon, Young Royals e Vermelho, Branco e Sangue Azul, as personagens são forçadas a “sair do armário”. E sabemos, falo por ser gay, que falar sobre nossa sexualidade leva um tempo interno para conseguirmos processar e nos compreender. Quando esse processo é quebrado, não estamos preparados para lidar com tudo que essa exposição irá gerar.
A privacidade dos LGBTQ+
Sabemos que vivemos em uma sociedade que força nós da comunidade a nos rotularmos. Existe uma necessidade de falarmos o que somos, do que gostamos, como nos entendemos…
É uma cobrança que gera perguntas e situações que sim geram uma invasão de privacidade. Por mais que as pessoas falam que só é curiosidade, porém ninguém faz as mesmas perguntas quando o alvo é uma pessoa heterossexual.
Somos a todo tempo violados, pressionados e oprimidos pela sociedade. São perguntas, não compreensão, não aceitação do que somos, uma exigência de adequações a padrões e a lista é longa.
E quando penso em tudo isso e na invasão de privacidade que isso gera, sinto que precisamos pensar e refletir sobre isso. Dar a devida importância sobre o tempo de cada pessoa e entender o que é necessário ou não ser compartilhado publicamente. Evitar que precisamos estar sempre nos autoafirmando e confirmando o que somos enquanto seres sociais.
As consequências da invasão são bem traumáticas, são diversas barreiras quebradas e violadas na vida dos envolvidos. Coloca as pessoas em uma situação de desconforto psicológico e emocional totalmente abusiva. É exatamente a cena do Alex e do Henry em choque ao saberem que todos os emails, mensagens e até fotos de momentos íntimos foram jogados na internet. Penso em como Hannah Baker se sentiu ao saber que uma foto extremamente intima estava circulando pelas telas dos celulares de seus colegas.
Conseguem imaginar o quanto isso dói e machuca? Conseguem imaginar como fica a cabeça de alguém que é exposta dessa forma?
Relato do Ro
Eu tive algo parecido em minha vida quando uma “amiga” me tirou do armário contando para pessoas da minha família sem nem eu mesmo ainda ter me entendido como gay. Isso me destruiu por dentro. Me machucou muito, pois eu não estava preparado para lidar com nada ainda. Estava ainda tentando entender o que eu era e como me sentia.
Enfim… acho que está na hora de entendermos sobre até aonde vai o limite de privacidade entre as pessoas e prestar atenção se não estamos provocando uma invasão de privacidade na vida de alguém.
Assistiu algum desses títulos, comente o que achou e o que você pensa sobre essa questão da privacidade.
Acho o tema abordado é de extrema importância e um lembrete poderoso de que a privacidade é um direito fundamental que todos devem ter, independentemente da posição social, gênero ou orientação sexual.
Os filmes e as séries assim, nos fazem refletir sobre a importância de respeitar a privacidade dos outros e as consequências devastadoras que podem surgir quando ela é violada. Como espectadores, devemos estar atentos a essas mensagens e considerar como podemos promover um ambiente mais respeitoso e consciente em relação à privacidade no mundo real.
E sinto muito que você tenha vivido isso na pele, imagino o quão devastador, complicado e perturbador deve ter sido e fico, por um lado, contente vendo que apesar dessa atrocidade você conseguiu recuperar-se e hoje consegue, através dos seus textos, chamar a atenção sobre um tema delicadíssimo. Parabéns pela sua força!
Obrigado <3 Pois eh, precisamos mesmo criar um ambiente mais saudável e mais respeitoso a individualidade de cada pessoa. Gratidão pelo carinho e pela palavras. S2
Sobre os filmes, nao assisti,mas o relato ou o breve resumo da pra entender que nao deve nunca, jamais uma pessoa expor a vida de outra independente de sua opção sexual.
O respeito nao vem com uma “faixa” ou um rótulo que só se respeita hetero, gay ou outra nomenclatura( se é assim que posso dizer) o respeito esta ” ai” pra ser “usado” em todas circunstâncias.
E digo mais, é desprezivel pessoa que age desta forma invasiva sobre a vida de uma pessoa.
Se foi só momento ou não,foi para os dois apenas e nao para ” virar matéria de internet ”
Meu lema é sempre este: ” nao faca com o outro o que não gostaria que fizesse contigo”
Ps: sou de uma geração bem diferente de vcs, mas espero ter contribuido para entender que msm sendo outra época eu apoio o RESPEITAR a EMPATIA e o NÃO a violência por escolhas afinal a escolha é da pessoa e não sua.